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quarta-feira, 31 de março de 2010

Tamarindo de desventuras

Hoje... Que o coração mal bate o peito golpeado pelo enfado,

E a vida azeda atroz sangue e imensa... Treva densa.

Solidão regada a doses aliviantes de sulfato de salbutamol.

Pra ver se alivia o imo.

Pra ver se acalenta a nervura.

Pra ver se respiro sem dor e sem arte.

O coração que teima em bater junto à sombra da tamarindo:

Leva a vida devagar, acho que se enfada do viver.

Os tecidos que oxidam recobrem meu hermético coração.

Coração... Avisem para entregar o viver.

Mas não serei enterrado junto às estirpes dessa tamarindo,

Não me joguem na laje fria dos campos santos.

O ataúde não será o fim.

Nem a necrose dos dias sem luz, paz ou serenidade.

Quero até os dias mazelados.

Os dias enxofre, os dias carniça e peçonha fedorenta.

Os dias acrimoniosos sem ela.

Bate calado coração: apanha, lacrimeja, geme... Azedamente.

Clama um colo coração!

Clama um colo, que eu choro pra perto do corpo dela,

Ou para a próxima dose de tóxico.

Clareia minha vida amor no olhar.

Porém hoje... Só desventuras.

E a azeda babugem que escorre pelo canto da boca morta.

terça-feira, 23 de março de 2010

A vida é doce

Perdoe-me, hoje murmurei por todos os cotidianos.
Praguejei.
Vociferei as heresias de um mundo doentio nos ouvidos surdos de entidades senis.
Pequei, culpei a Deus pela minha senda dolorosa e incrédula.
A vida é doce, me perdoe pelo choro de mulher:
Lamuria de mãe que perde o filho recém desmamado.
Dos sonhos soturnos acordo aterrado:
Nos escombros noturnos minha alma se entrega.
Vejo o futuro passando na queda.
Queda que a todos transtorna.
Não chore, a vida é doce.


Perdoe-me, a sensação de perda exagera.
É que tenho nas bochechas câimbras de um riso plástico e tenebroso,
Estampo na face dores de uma alegria incompleta:
São risos burros e paranóicos que não enxergam a velocidade terrível da queda...
Descomunal queda. E eu choro.
A vida é doce miscigenada a lagrimas.
E agora, próximo ao chão, na velocidade celeste da queda:
Vejo até a tumba a reluzir,
Vejo os demônios a rugirem monstruosos urros de agonia.
Eles me chamam, querem minhas vísceras.
Gritam: amaine verme, bem vindo ao inferno mais tranquilo.
Malditos cães, vos ofereço meu gasto riso de vida doce.


Resvalei na beirada do abismo, vi a odiosidade da vida...
Ri, a vida é doce, veneniferamente doce.
Perdoe-me.
Agora todos veem a queda.
O choro de mãe procura alento:
Malditos cães a fuçarem minha latrina em busca dos restos...
Inquietam os restos do meu imponderável nada.
Vos oferendo todo o meu nada. Todo!
Procuro a boca que se atrasou em me salvar.
E eu cai tão depressa, tão depressa, tão... Vestigioso,
Cadente como uma expressão pré-fabricada de alegria.
Esqueci-me de mim mesmo por entre os escombros: tão sem pressa pra vida.
Perdoe-me, mas a vida não é doce porra nenhuma.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Frio

Gélido: o coração.

No frio tudo é mais solitário:

Imponderável;

Sobejo de tempo, palpável nada.

Madrugada sem o gosto do eterno.

A alma que se desprende do corpo...

Procura a imensidão,

Que pode ser até ser de outra carcaça fria.

A carne de outrem me confortaria.

A tua carne eu rosnaria.

Refugiando-me em portas fechadas:

Queria acolhida.

Como um cão vociferando ladridos de agouro:

Arranhei tua porta.

Talhei na madeira oca e carcomida

Açougues profundos de dor, saudades, ou apenas frio.

As reverberações da carniça não me coram a pálida face.

Gélido me encovo.

Frio... O frio aço do incisivo corte retalhou o coração.

Fazia frio, e o frio me fazia.

Abrigo: a te seguir.

segunda-feira, 15 de março de 2010

conto postado

Conto postado no seguinte endereço:

http://www.4shared.com/file/241793460/8bdd7fa5/ensaio_II.html

E não se assustem, foi tudo fruto do meu eu lírico.


é só clicar em baixar e se preparar para rir bastante.