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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Chupa!

Era o falo inerte, sem uso aparente para o pejo.
Paguei! Chupa com a alma... Com força, mas não morda.
Quero esvaziar o imo da raiva, as veias do monóxido.
Quero gritar a luxuria das minhas vontades.
Acima de tudo: quero que você chupe!
A vida se finda em segundos eternos.
Na chupada o tempo para, paralisa precedendo o gozo.
Eu pago, pagaria a essência das tuas entranhas escancaradas.
Então foda o mundo com suas pernas abertas.
Eu quero garantias de uma gozada perfeita e gostosa.
E que o dinheiro não seja meu vírus nem meu algoz,
Mas que sejamos eternos em quanto duro.
Duro... Chupa até fenecer-me em êxtase.
O tempo não acabou: pago a atenção; pago o ego;
Pago a velocidade da obscenidade... Puta que pariu alado!
Quero-te mal dizer só pra mostrar que sou cruel.
Sem carinho nem conversa... Entope a boca.
Eu pago: então chupa!
Gozei!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Talvez

Talvez fosse amor.
Talvez coragem de chorar de rir.
Talvez fosse meu medo batendo forte e gritante no âmago,
Ruindo os vitrais do inferno e diluindo o demônio em versos.
Talvez...
Só sei que tentei fugir do condicional.
Sei das armadilhas, das ruas cinza, desse chão riscado de giz.
Sei que você fica bem sobre esses tons de cinza e seus olhos negros.
Sei que há amores que só enxergam os dividendos.
Sei que fico melhor junto a tua boca.
Talvez amor...
Talvez meu amor só seja contemplação.
Talvez imaginação, imagem em ação.
E eu procuro algo novo que me traga satisfação.
Talvez amor...
Não sei, só espero que teu sorriso nunca canse da minha voz.
Pois a vida ainda vale o sorriso que tenho pra te dar.
Talvez

domingo, 17 de janeiro de 2010

Rabisco

Paredes orgânicas riscadas, encardidas de suor.
Alma caiada pra lavar.
Alma colorida de folguedos.
Quero aparentar a serenidade louca dos outros.
Queria mesmo era ter rabiscado teu nome em carne crua:
Podre; talhado; ardente; amargosa feito cachaça.
Tua carne... Queria ter riscado meus versos na tua pele nua:
Ausente; pó; frigida; incisiva feito navalha cega...
Penetrou a dimensão da alma e espírito.
Talhou minha carne morta. Vivo de tintas.
Sonhos feitos de desenhos não aquarelam o céu.
Corpos rabiscados do barro celeste.
No teu corpo-chama edificaria sonhos de poeira e vento:
Restos do nada.
As almas não traduzem/diferenciam o que é solitude ou solidão.
Num rabisco imenso e transitivo:
Riscava no teu corpo meu infinito.
Tatuado, versos não mentem jamais.
Suor lagrima e desejo:
São as tintas que uso para colorir o meu rabisco.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Estes versos de raiva

Nestes versos vim cantar minha vida,
Meu retrato sem cor, minha voz sem paz.
Alimento-me da desordem,
Do caos cósmico e coletivo dos seres errantes.
Nas minhas veias correm sangue caótico.
Sangue misturado a partículas de chumbo
Partículas colhidas da atmosfera.
E eu as respiro densas,
Até os pulmões incharem do metal pesado.
Coloquei sal na cavidade que outrora era o coração.
Eu grito mais alto.
Nestes versos vomito a raiva cega,
Escarrada pelas linhas do papel ou em teu rosto que seja.
Quero que todos vejam os eruptus de sangue...
...jorrados por minha esferográfica.
Tumores de ódio, palavras que não manifestam paz.
Exclamei um último agouro moribundo:
A boca bradou teu nome.
Não sei se por amor, tédio ou prazer... Nada.
Nada é só uma palavra que minha ira traduz,
Mistifico tudo em versos. E estes versos não passam de nada.
Já diz Bandeira: “escrevo versos como quem morre”.