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sábado, 24 de maio de 2014

Tonalidade

Timbres não esperam por ninguém. 
Toou como as ondas rebentam o cais. 
Não serei joguete desse mundo mal. 
Não mais, não por hoje, não por tão pouco. 
Meus tons se misturam com luzes, sinestesia. 
Meus batuques celestes caíram como uma pequena gota serena. 
E afogarei o mundo com o veneno dos meus timbres surdos. 
Rangendo os dantes como uma bomba dormente. 
Queimarei tua carne, silenciosamente. 
Só pra ver tua dor: de gozo, de gemido, do sentido que for. 
Pois o som do trovão castiga, ensurdece, açoita.  
Sei que meus timbres farão falta. 
Mas agregarei meus sons, tonalidades e pinturas, 
A outros timbres, outra vozes, outras cores. 
e no fim, cantarei minha doce sinfonia da destruição. 
Gargalhando meu riso mudo e seco por cima da tua ossatura.  


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Texto/contexto/sem contexto

Aqui estamos queimados e reunidos:
Contexto da minha desventura.
Algoz nefasto que açoita o texto.
Eu quero ficar longe de mim.
Nas dedução mental da falta da razão.
Saia do meu mundo, antes que eu morra mais um pouco.
40 chibatadas foram desferidas pelo conjunto de circunstâncias.
1 a mais que o INRI. Sinta a ira do erro. Mate, mate, mate.
A caneta me protege.
Então devo começar a escrever isso antes que eu morra.
Sinto o sangue nas entrelinhas, teu cheiro forte e abrasador de ira.
Queimando as narinas. Talhando a carne em cada cardinal crescente.
O texto só queria um contexto.
Uma significação, um motivo para construir.
Aperte tudo que está em minhas mãos.
Sentimento sem nome.
Eu gritei: és maldito.
Largarei teu pescoço, apenas depois de roxo.
Melhor padecer no sangue, fora do papel.
Que viver cristalizado num contexto ingrato,

Que não pode me ajudar a não enlouquecer.