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quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Cálculos da dor


Meu peito, couraçado das desditas amorosas, e na podridão destes desfrutes a dor,
Chafurdo numa só pestilência as síndromes inatas de um amor sorumbático.
Maldito dia em que olhei pra ti, e não viajei pras moradas doutro embuste.
Tudo fede ao cheiro pútrido do renego,
Da míngua dos sentidos desgraçados dos meus dissabores de viver.
Mas não vou carregar pro etéreo os farrapos desse luto.
Meu miserável ser excelso em lagrimas,
Pari na fuça sete vezes mais a idade ida cabalisticamente o preâmbulo das dores.
Nos cálculos execrados dos dias, subtrai cinco dias do que ajuizei que fosse belo.
Uma felicidade tão fácil assim não dura ininterruptamente,
Pensei que era minha compensação do destino sórdido, na minha inacabável quarta feira de cinzas.
O detrito dos 360 dias lanço no lago de enxofre.
Nessa equação de deploras, mais uma fração de desgostos pra cada anelo meu.
Parindo a cada tempo uma espécie de amblose apoteótica de tristezas infindas.
No meu quarto de século de existência, não vejo uma fenecida flor,
Um instante válido que não seja de pavor, que não seja do meu inútil amor dedicado a seres insubmissos, que não seja comida para os vermes.
Mostrem-me um coração sem amores tolos, e te mostro um homem feliz,
Mesmo com sussurros de um legado de lastimas.
Prefiro um inferno tranqüilo, que capitalizar meus míseros centavos pelas migalhas de um amor nefasto, como um cão indigente das ruas.
No fim da minha lida, peço-te, empresta-me teus ouvidos.
Preciso bradar meu berro nostálgico pelos telhados do cosmo.
Mas o caos cá dentro profana meus sonhos, estupra o cerne.
Apodrecendo tudo que não é vida.
Parasitando o que não vivi: Amor e vida, entregues a mercê da orgia do tempo,
Nas mentiras do cotidiano, essas pragas que me assolam.
No beijo pretérito que me rouba a noite, mas não tenho uma fé mais em nada.
Minha espera é uma campa rala, os fulgores das velas da morte a alumiar as andanças,
Essa luz invade as fissuras da alma, clarão final.
Morro? Ainda não, foi só mais uma dor. Quem dera o peito parasse.
Pois não há amores que caibam em meus sonhos, não há luz que me core a face.
Só meu peito por mais dias a atracar desventuras.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Dias e noites

Já irrompe amor à alva habitual,
Desta luz se fez a natureza, e o berço das minhas paixões.
E na escolha de temas ao meu canto, você me vem como requintada sonoridade. O conflito das nossas almas no contra-senso constante que faço na sublimação dos nossos desejos antagônicos.
O ser fadiga-se na alusão dos entalhos dos teus lábios, Na tentativa de livrar-me dos dissabores do viver.
Só minha alma em funesto desânimo, Por te ver sem te ter, seguiu no dilúculo caminhar do mal.
Teu riso pra outro me faz desistir, tua lagrima me faz reclinar.
São dias de tormenta e eu versejo por te amar.
Mas amor, feche os olhos antes do beijo, E me faça um voto de perto de não imolar a fidelidade.
Que eu te dou o escarro terno e um peito sem dureza.
Murmurando minhas duvidas nos teus ouvidos, Vertendo lastimas e comboiando tuas mentiras.
A nefasta mantilha com que crepúsculo cobre o firmamento, Asfixiando o sol na tua face brilhadora.
Enterra-me suavemente nas tuas lembranças, A chuva cai e eu ornei meu coração como um caixão, com flores mui raras,
Falando de sentimentos profundos vou sepultando minha alma, Na fealdade do teu saber desdenhoso.
Condenado nesta solidão eu me escondo, Mas não tenho medo de pintar o céu. Antes que a noite adormeça meus olhos, Medito em você outra vez, que vou fazer se a noite vier sem seu rosto?
Meu amor já vivi por um instante o saboreado do lirismo poético.
E canto num tom clamado que do celeste raspei você, beijei você, e assim “vivo”. Passando apenas no ruído do tédio, meus miseráveis dias.
Debruçando-me no horizonte e a perguntar amor você já viu que linda manhã?

Amaldiçoado pela tristeza

Tudo sepulta-me a vida,
Sou hospede desta dor,
Pois vivo atrelado ao desalento
Já não há mais fim o tormento,
A não ser numa caixa retangular, coberta de cal.
Não vou dormir, pois a dor não passa,
Apunhala-me o seio como um infarto.
E na equivalência dos vermes que saem
Da boca de um defunto, parasita-me a alma.
Carregando-me no bico do corvo.
Fui anamatizado pela macambúzia,
Ficando a ponto de uma sincope.
É o efeito do osculo quente da morte,
Pois, carrego o peso de tantas moléstias,
Na exigüidade deste meu ser.
Repilo a alegria.
Sou signatário desta vida infecunda,
Na semelhança de óvulo lançado ao fogo.
Um visionário da desilusão.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

mais cortes

Mais uma vez eu cortei com a navalha o imo e os amores não apalavrados.
Mais uma vez cri nos arcanos nulos que hão de sepultar-me.
A dor é o primitivo sentimento de nós letíferos, crédulo ou não.
E a mim é destinado o sobejo destas embrionárias. É o castigo por ser simplório.
Sangrando como um animal no tacho, vertendo minhas lagrimas e versos,
Num maldito fadário de aspirações.
Presentemente a noite passa arrastada, para que eu rumine tua face nas trevas,
Como um desvairado de amargura aprisionado por teus medos.
Menti quando jurei a Deus não impetrar orações por ti.
Mas quem não menti?
Somente eu carrego agora a angustia do existir e do nada ser,
Do meu riso em face abortada, tão precoce que ainda o recordo.
As feridas um dia irão gangrenar, e espero que o podre seja sacrificado.
É mister que eu resista às intempéries da regia vida,
E sobreviva a infernos de isolamento, na abastança dos fúteis amores.
Busco refugio na mediocridade do avivamento, na dor gástrica da fome,
Pra ver se expurgo meu pensar a ti, Pra mais uma vez tentar mentir.
Mas agora não me importa se roerem minha alma, ou se me escarnecerem vivo.
Na cruz uivaria os amores que não vivi,
E Aos demônios entrego o fado do meu lúgubre destino.
Fecho as pálpebras, tua imagem ainda me assombra,
Subtraiu nesta hora morta a irrisória fatia ditosa,
Todas as vezes que silenciosamente segredei no teu ouvido o verbete amar,
E ansiosamente anelei as primeiras luzes só pra te ver.
Choro. Achava-me incapaz de tal feitoria, achava-me um titã.
O lacrimejo que vivi reflui meu altruísmo gasto, mas não te apaga.
A alvorada vem triste como uma endemia, soluçante e frígida,
Esquartejada por odes infrutíferas e sem proficuidade.
Não murmuro do sono roubado, mas bravo aos céus os sonhos decepados,
E o amor jamais conquistado, só materializado em sofrer, e nisso, que seja sempre o meu. Mais uma dose, mais uma osmose, mais... Pra ver se eu aprendo.
E nesta divida que a vida capricha em não amortizar, mas nem na minha lida amorosa.
Mais uma vez vou remando pra fé, quem sabe uma placidez me domine, quem sabe?
Mas agora devora-me dor, deleita-te, sem trégua sangre-me um pouco mais.