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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Equilíbrio

Quem sou: sou uma forma que deve ter ou anteceder um porquê
O que sou não é quantificado por dados ou caracteres.
O que sou não é qualificado por adjetivos de outrem.
Sou e busco o desequilíbrio, o inconcluso do amanhã.
Na vida não há espaços para o depois.
O antes, o pretérito, o equilíbrio.
Só há espaço para o confuso agora...
Quero a eternidade do segundo.
Num segundo a eternidade me trai, se vai, atrai.
Quero o beijo manchado num chupão vermelho.
Se for pra morrer: não neste segundo desequilibrado.
Se for pra viver: quero um segundo de esperança em cada eternidade.
A eternidade é liberta nos gritos da alma, solta nas encruzilhadas da vida.
A eternidade está nos entalhos da boca amada.
Os covardes perdem a vez de berrar a verdade.
Os covardes teimam na lentidão da razão.
Os covardes equilibram.
Mas o desequilíbrio vem da força da nossa verdade,
Vem das verdades que escolhemos para caminharmos em torno.
A eternidade só alcança quem quer viver em desequilíbrio.
Quem sou: bom, não perco a vez de berrar a verdade.
O que sou: caminho num passo sem direção rumo ao desequilíbrio.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ante

Só alguns acordes dissonantes.
Não ligo se a voz destoa berrante.
Meu amor me beije por mais este instante.
Dos autos falantes ecoam o finito inconstante.
Senhoras e senhores: o diabo/amor põe seus olhos grandes sobre mim.
Não me iludo com o impressionante.
Perto da beijante boca insinuante: que tudo vá para o inferno meu bem.
Já disse, o som da voz é escaldante, não cometeremos mais crimes atenuantes.
Eu menti quando disse que iríamos para o inferno meu bem.
Vamos para o inferno meu bem, (também, tão bem).
Quero o fim do beijo errante,
Quero as almas sempre consonantes.
A rima é sempre consoante.
São os teus olhos sempre agourantes: guardo-os para mim.
Alguns tons são até brilhantes,
Seus olhos em minha mente inebriantes.
Senhoras e senhores: eu tenho os olhos úmidos ante o fim.
Perdoados ante o inferno meu bem, (também, tão bem).

domingo, 15 de novembro de 2009

Queria!

Queria todas as palavras rocas da existência,
Juntaria todas com os sonhos que reciclei da latrina.
Queria as palavras caladas, o silencio que prenuncia o beijo... O infinito.
Queria não esconder o coração das imagens estampadas do que ajuízo ser amor,
Imagens descoloridas e muitas vezes arrancadas da parede.
Vertigens por essas paredes em que risquei o teu nome,
Nas pinceladas açoitei o finito, rompi o tédio, fiquei com as dores.
E agora tenho as cores pra aquartelar os sonhos torpes do mundo.
Eu tenho todas as sombras e sobras encalistradas.
E sigo revestido por minha couraça de repetições e desafortunado.
Do amor eu é que sei... Sei lá... Não sei mais.
Sei que trago este sentimento no porão, junto, nas angustias da alma.
Sei dessa demência que habita meu corpo, que me anula.
Mas deixo assim, não afiro andamento nem receio.
Jogo simplesmente o corpo no espaço, e escondo as magoas na minha imensidão.
Recolhendo as palavras perdidas, deixo umas pra iluminar teu caminho.
Sem gastar o meu desprezo com nada, pinto o céu com as lagrimas.
Eu sigo aplaudindo rebeldias, eu queria viver na ousadia,
Eu queria a dádiva de alguma magia.
Mas tenho apenas sobejos de um nada,
Restos de um poema que se apagou.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Louco

Quero as loucuras do mundo perto de mim:
Tangíveis aos olhos crus da alma nua;
O viço inebriante da boca tua;
A sujeira incorreta da rua;
O desespero drogado da tua língua crua;
A velocidade demente do beijo que corre.
Corre... Com pressa.
Quero o palpável dos sonhos.
Preciso desses olhos marejados e ardidos de suor.
É preciso dizer que te amo.
É preciso engano. São precisos o eu te amo.
São loucos os enganos.
É preciso o tanto, o quanto, o pranto, a boca minha e tua. É preciso...
Louco, bobo, solvo o preciso, o impreciso da alma finita.
E eu preciso dos teus enganos... Loucos.
Preciso... Silêncio...

sábado, 10 de outubro de 2009

Um tom

Vejo-a ao leve tardo, quando as horas já batem juntos os ponteiros insones,
E anunciam um toque que teimava em nunca ser ouvido.
São só tons, tons que furtam a cor, o tom da voz, o tom do som, um tom pra nós.
Um tom subtraído em melancolias minhas talvez, em sua insensatez o que direis?
Ouvires estrelas? São outros tons... Cadentes tons, o meu coração é que a te dedica cada tom: Tum, Tum, Tum... Vai morrer! Parou, onde queres o som eu te dou o silêncio.
Não fale de amor, este tom já não habita mais em mim.
Deixe-me juntar as dissonantes, me deixe berrar aos ventos errantes não me diga amor nunca o teu amargo tom de não.
As harmonias parecem outras, mas com você afino no tom original.
Desequilibro, mas contínuo andando... Andando, tom, tom, tom. Em busca do tom, compasso final

A cor do Só

Solitário... Monstro de lagrimas criado em meio ao caos,
Criado da poeira cósmica que me resigna ao tédio.
Solitário... Eu vendi a alma aos fantasmas que atormentam as necrópoles.
Não preciso dessa alma... Solitária...
O corpo já caminha fadigado e os fantasmas agora enxergam minha desgraça.
Alma... Amarela alma... Amarelo é a cor da remela, a cor do verme, do bucho da criança pobre, da bile que escorrega da boca entreaberta.
Amarelo é a cárie do dente ou da mordida desalmada... Amarelo é a cor da diarréia, da cagada fedorenta.
Amarelo é a cor da minha alma encardida e solitária.
Eu vendi a alma... Solitário, eu saio como a quem tudo repele:
Amor... Enjoou... Vomito bêbado amarelo e sem alma.
Delírios, etílicos, psicotrópicos loucuras lisérgicas, alcoólicas sexuais... Amarelo e só.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Versos que não falam de amor

Nos escombros de minha alma um monstro a minha efígie e paridade;
Salta por estes versos, vazando pelo desconhecido.
Abrigando-se pelo negrume da forma métrica.
Estes versos não falarão de amores indignos.
Nem despertarão migalhas adormecidas na mediocridade da inconstância,
Na autocomiseração das vaidades amorosas,
Que fanam a enganosa alegria.
Vadeável é o amor em esqueleto peito morto,
Ou perdido na confusão dos lábios.
Alegria e desgosto, eu e tu, nunca nós, verso maldito que inutilmente repila o amor,
Que já me fadigava tudo ante os olhos.
Minha mente hipocondríaca e minhas composições sorumbáticas,
São os cúmplices da minha solidão,
Eles rascunham a existência de um nada, que morreu tão depressa.
E eu o imperfeito criador desvio de te a cautela, verso improlífico.
Da mesma maneira que recolho a mão do fantasmagórico amor,
Que habita em minha catedral de lastimas.
E recreava a ilusória vida do meu coração hipertenso.
Das minhas cinzas erguem-se pesadelos excomungantes de um inglório amor dedicado ao passo versejado.
Para o burgo dos demônios te exilo pensamento infame, verso infame, palavra infame.
Amores nem os poéticos serão rudimentares pra minha alma.

Sem corpo

Espírito sem corpo, eu solvi as tristezas do globo numa lapada só.
Diretamente da garrafa verti o liquido tóxico que me contaminou a existência.
Vi a face do demônio: ele rugia, vociferava ao meu infinito o intento da sua lábia.
E eu me esvaziei de mim mesmo,
Liberto de desejos e a pedaços milimétricos do fim.
Guardo a inconsistência dos sonhos, roubei-as quando o demônio pestanejou.
Ante o roubo vejo que tudo é uma cópia de outra cópia que se mistifica nestes versos de morte, fim de arte.
Quero uma fase síntese de mim.
Crio etilicamente outra realidade pra explicar o meu novo eu ridículo.
Embaço a existência com a garrafa venenífera.
Quero que minhas palavras se esgueirem pelos escutados taciturnos do mundo.
Esvaindo-me pelo chão embriagado:
Esta noite todos me amam, o mercante quer meu dinheiro;
O amor depende de quem compra, depende de quem vende. Quanto você tem?
Eu guino rindo sinistramente da lascívia que me encanta.
Em meio ao brilho etanóico o deletério é menos destrutivo.
Vejo que todos os abstêmios dormem.
Nesse momento meus versos saem às ruas buscando um nada.
Quero uma garrafa mesmo que vazia, o gosto talhante do caco de vidro.
Busco uma objetividade mutável, inútil, intraduzível, fundamental a alma:
Busco amor, mesmo que bêbado.

Profana (ou ode a Jessica)

E eu quero os teus tentos. Dona das divinas úberes, substanciosas pomas.
Vaca profana eu coloco tua vagina num pedestal, só pra ver se tu pagas um oral,
Não obsceno o verso com o verbete pau.
Quero cantar o meu amor mundano em homenagem ao teu amor vendido, sempre desejei o teu orgasmo fingido, ou qualquer membro lambido.
Eu prometi, mas não dá pra agüentar, cala essa boca e vem logo chupar...
Eita! Dona das vistosas tetas, este verso serve pra te idolatrar, tão suculentas são as tetas que dá vontade de te ordenhar.
Não ligue se eu desejar lamber tua... Eita! Vou derramar minha essência em tua cara.
Ancas como as suas eu marco, engordo, meto a vara e ainda como. Eita! Os meus versos babam por tuas tetas, abençoadas tetas vou espremer teu leite em minha alma.
Já disse és como vaca: é comendo, mugindo, mijando, cagando e sujando toda a... Eita!
Que danada de teta, me deixa tentar à moda espanhola.
Olha! Eu nem falei do cubismo só me prendi as frutíferas tetas. Eita!
Verso discreto de um amor secreto.
Minhas palavras cantam a ti mulher sagrada,
Teus pequenos e grandes lábios de tão excitados quando vêem um falo batem palmas.
Eu estou ligado que tu engoles e ainda chupa a chupeta. Eita!
Profana de abissais tetas: o próximo verso entra pela culatra;
Já disse és como vaca: língua áspera, rumina, cospe e ainda lambe a... Eita!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Esputo

Angustia. No canto úmido da boca parou o beijo:
Áspero, seco, singelo, apetecido.
Minha língua procurava tua cavidade bocal quente... Salivante nas vontades do ser... Solvente.
Nas ranhuras dos lábios ficaram o gosto atritante do desejo.
Ficou a fricção de quase nenhuma carne frigida.
Carne inerte, ansiosa por maior proximidade corpórea, confusa, amorfa.
Onde não se desmistifiquem os tecidos nem glândulas salivares de ninguém.
Onde só haja o agora, este instante onipotente travado e suspenso no canto.

Na ranhura do meu consciente parou a realidade, era obliqua, era pobre em vaidades.
E eu deslizei na suavidade dos versos, coadunando alucinações e a mortalidade existencial na complexidade da tua concupiscência.
A alma se desprendeu do corpo já sem vida,
A derme excitada delira na luxuria da tua boca.
Minha capacidade gustativa saliva por fluxos sexuais intensos,
Interrompidos pela beirada mal calculada, pelo olho cerrado antes do instante do beijo.
Foram segundos eternos de infinito.

Beijo, sim a palavra é doce.
Saliva pelos veios da arcada relutante e aflita.
Afiado vocábulo que teima em morder tua carne.
São só babugens dos sonhos, eu tenho fome, a minha fome deseja a fome de tudo,
A canalhice devoradora dos amores carnais.
Minha fome carniceira rosna pelos tecidos dos teus ossos,
Porções gustativas de prazer que cobiçam o infindo.
Angustia. No canto agora seco da boca eu expungi em volição,
Mordi o lábio arrepiei a nuca,
Enxuguei a boca.

Orientação

Sempre penso que minha força está na solidão,
Na lentidão do tempo, nos compassos simples que me enterram em desalentos.
Aprendi a ter medo das precipitações.
E sempre que a abóbada celeste começa a condensar os núcleos hidroscópicos é sinal de tempestade.
Isso me assusta, sou formado das trevas da noite,
Respiro a imensidão das estrelas, no abrigo do crepúsculo.
Sou feito da nebulosidade da existência com seus mistérios.
Disto sou acometido.
Mas tenho medo do viver, medo deste existencialismo fugaz que tanto me ludibria.
Tenho medo do novo, dos desamores porvir, das tristezas que inevitavelmente machucarão minha alma, abreviando-me ao pó.
Lacônicas cinzas que misturadas à água viram lama, ausência, merda.
Tenho medo do que não entendo. Queria ser mais racional.
Hoje uma parte de mim chorou.
A outra parte se perdeu tentando traduzir estes versos de morte.
Ansiava entender a prolixidade do que deveria ser simples,
E na simplicidade não ter medo do céu que desaba sem contar as malditas gotas.
E mesmo assim, ainda gosto de dormir sobre a sinfonia das águas.
Sobre tudo, quero ter a garantia de ao menos poder me iludir de novo.
E destarte pensar que estou entendendo e me orientando pelo pensamento de indecisão.
Bom, chego à conclusão que o melhor é a desorientação.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Poema brega

Taquicardia atrial, o coração punge forte, tonal, corre depressa. Com pressa,
Mas quase sem vida, comprimindo os desejos.
Corre desgraçado, corre... Fuja do condicional.
Fuja das palavras vastas, infinitas. Das palavras que lembram o silencio. Corra do fugaz.
Do gosto de manha azeda que entra pelas frestas dos olhos.
Vá para perto do trovão, o som não assusta na tormenta, corra... Fé... Finja ter em que crer.
Corra pra longe dos amores, de todos os amores brutos, de todas as vertigens, do breu, abandone o jamais.
Coronária, infarto, morte. Veja amor a minha cara lavada de todos os pecados.
Pálido, falta o teu ar, o teu cheiro no meu pulmão, falta o incondicional.
Não vai assim, não sem mim, não aparte teu lábio antes do sim, enxergue antes do fim.
Fuja e mire todas as palavras, todas e mais uma que o infarto abafou: só pra rimar chamo-a de amor.
É um fim tradicional de um coração, de um grito que a boca murmurou.
Coração infeliz nunca achou quem o ambicionou.
Agora quero o infindo, a flor, a demência dos passos, a solidão azougue dos versos.
Meu poético vai infectar o mundo ou te tragar junto a minha derme manchada de cinza escura.
Antes do abismo contemplo a incompletude minimalista dos meus anseios que se explana em tua boca.
Estas palavras mentem se equivocam. Mas eu quase posso acreditar,
Paro de fugir de seguir estrelas, não encontro mais palavras pra implorar, pra rezar ou amaldiçoar, meu vicio é ficar a tua servidão, pele ou outra mentira que me sirva de encanto.
Desafinado, o amor segui sem ritmo certo, e todas as harmonias que faço você não escuta.
Não escuta a alvorada do nosso tempo, ouça as palavras que mentem de amor, ouça o vento.
Estas palavras mal feitas e depressa são só pra tentar te seduzir,
Engolir tua saliva que há de me redimir antes do sol fenecer.
Corra coração, vamos pra longe do poema brega, das palavras imperfeitas, das letras que bebem, pois o verso guina rente por ladrilhos, por métricas absurdas que me isolam.
Mentira subterfúgio das paixões, abrigo do coração. Então fuja.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pensamentos

Páginas arrancadas de um livro em branco, versos vagabundos de um versejador ébrio de penar. Porem, que carrega a sobriedade dos dias.
Há certa repugnância na paixão, um determinado grau de impureza enfática e muitas vezes sem gosto.
Mas isso deve ser no fim, no inicio são apenas corpos sensíveis ao tato, corpos que se encrespam na proximidade.
Vulgaridade superficial ignoradas. Assim se chamaria o amor nas páginas que lancei aos ventos. Mas antes lógico que as queimei, queimei-as antes mesmo de acreditar. Talvez eu tenha torrado antes das palavras, carbonizado na atmosfera ida num virar de páginas desse livro alvo e caquético.
Uma gota de lágrima em cada riscado, em cada letra que forma uma nova palavra. Lágrimas!
As palavras emudecidas, num mosaico obscuro e cinzas de vocábulos reunidos numa retangular folha em que pretendia materializar algum sentimento, ou lembrança boa.
Achei! Eu queria ser uma lembrança boa, minha ou de outrem.
Uma lembrança que marque e jamais seja uma página em claro, claro como uma noite mal dormida, é claro que te amo... E não bendigo as coisas simples da vida, sou complexo, aplaudo rebeldias e no escuro eu ardo.
Queria uma lembrança que não fosse arrancada, tão intimo e intenso como amantes nos lençóis.
Quero uma lembrança aprisionada como tinta no papel.
E assim, encontraria amor num toque, ou em cada lida deste livro ainda em branco.
A primeira atração antes do desejo são os versos ou a confusão textual da minha mente prolixa, mas nunca vazia. Sempre há um verso solitário, sempre!
Eu queria ter uma lembrança boa, um mundo meu escondido, onde as preces são ouvidas e as graças alcançadas, pra poder me livrar em cada instante sem ter ninguém que me apague.
Quero um pensamento sem fim, uma lembrança que não se aplaque um abalo que não faça desmoronar os tecidos.
Quero uma lembrança de amor que não roubei. Que não me cegue nem me faça infeliz.

Confusão

Deveria existir algum equilíbrio,
Uma linha mesmo que tênue entre amor e o que se vai num piscar dos nossos olhares.
Uma pestanejada do destino talvez.
Deveria ter um verso, um poema que murmurasse mesmo no silêncio, mesmo sem contentamento, e não atentasse para os sentimentos.
A tinta disserta no papel as lastimas minhas, confabula as frustrações de maneira baixinha aos ouvidos invisíveis, que é pra ninguém reclamar que choro muito.
Eu sempre desejo as bocas infelizes, o lábio maldito e amargo do verso rimado, do amor imaterializado.
Maldito e amargo! Sim, é o verso meu, o gosto teu.
Este sabor que passaria se eu descontinuasse de atravessar a língua na ferida.
Bocas, nossas bocas. A palavra corre quente, líquida, corrói a folha. Corroi a vida.
É lágrima, esta água salgada é a única coisa que minha boca há de bebido, nutri os demais tecidos, espalha-se pelos vasos, tornando a jorrar em palavras. Palavras queimam a face como o beijo de Judas. A minha maldição é o verso, este verso confuso que rompe a linha, que desperta o destino.
Meu verso que um amor. Amor?
O amor é uma projetação. É uma convulsão de individualidade dissociada. Uma conjuntura psicogênica de escapula. O amor é minha loucura, é meu câncer, se eu tivesse um tumor, esse seria o seu nome patológico: amor.
Inevitavelmente está por toda parte, o cancro que não tenho está por toda a parte.
Eu não o vejo. Ele teima em saber de mim.
Quer saber quem eu sou?
Eu sou o nada que se traduz em amor, sou este poema amassado e lançado fora sou esta confusão sem jeito, a incapacidade dos desejos, o medo de nunca amar.
Sou o que turva os olhos antes do fim, antes do beijo, antes da letra negar o teu nome e o vento levar minhas palavras ao infinito e desconhecido.
Sou o poema de amor que ainda não existe, e Juntos somos esta confusão.
O equilíbrio.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Onomatopéia

Então me atiro, me arremesso em busca de amores críticos, baratos.
Trago pouco nos bolsos. Umas moedas, menos de trinta.
Ofereço simbolicamente um pão com queijo, um copo de café fraco e ralo.
Paguei o momento com o mesmo punhado de ilusões.
Minto! Ela me ofertou mais mentiras e falsas paixões que qualquer outra.
Agarro-a pela cintura,
Enfio milímetro por milímetro a minha proeminência genital.
Então ela engole, devora. É um animal que arranha morde.
Meu membro a emboca,
Eu cuspo de nojo dessa tua boca.
Eu cuspo no falo antes de direcioná-lo a tua anca carcomida por todos.
Escreve teu lábio mentiroso em mim cachorra...
Assim te xingo no momento de revirar os olhos e fechar as pálpebras:
Toma cachorra! Toma cachorra, toma...
Movimentos binários ligeiros, mais, mais... Lento agora, não quero nada precocemente.
Pago pela completude do serviço e integridade na satisfação.
Chupa-me como se eu fosse osso carnudo e rico em cálcio.
Chupa mais e mais... Fuuuuuu. Mais, mais... Fuuuuu.
Profissionalmente me proporciona o gozo... oiyes, oiyes, ow no, ow no...
Meu pouco dinheiro não permite a segunda turgescência.
Gememos de delírios e êxtase... Ah, ah, ah, ah, ahhhhhh.
Bate com raiva em minha carcaça,
Arranca-me os pedaços com as unhas sujas de outras paixões.
Bate, bate mais, mais rápido. Peço-te, bate... Tah, tah, tah...
Chega! Já me doe à virilha, escarnecida e avermelhada.
Grito de dor e animo... aiiiiii. Mais alto... AIIIII. Intenso... AAAIIII.
Ardem os corpos.
-Quem é teu macho? Responde! Responde logo puta dos meus centavos.
- é quem paga. Ela responde rindo sinistramente. Mostrando os veios dos dentes sujos de sêmen. Eca! Não deu pra interromper o coito segundos antes. Eca!
Eu esperava outra mentira, uma mentira social que contentasse meu esforço físico.
Sopra a vermelhidão... uuuuuuuh. Mais forte vai! UUUUUUUUH.
Misturam-se todas as letras xoseesxosexoteusexo, sentidos e almas num gozo uníssono.
Ui... Ai... Delicia!
Golfado, deixo os trocados e vou me lavar.