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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pra sempre essa noite

Eu que queria falar de amor.
Queria uma palavra ainda não pronunciada...
Incauta, incivilizada, crua. Porém, viva.
Uma espécie de palavra algorítmica,
Que crivasse minha boca,
Assim como margaridas que explodem pelo asfalto,
E ignoram o concreto quente.
Pra sempre essa noite:
Sou uma palavra fantasma, mas não morta.
Sou uma palavra que abarrota o copo de luz,
Que seduz o nosso eterno furor de viver.
Pra sempre essa noite:
Dias de mil anos, anos de deus.
Mas ainda queria uma palavra.
Acho que ela braceja cá dentro das entranhas,
Lutando pra sair da goela seca e depois gritar um canto de ronquidão.
Pra sempre essa noite:
Roço. E eu que queria falar de amor.
Amor! Nossa palavra.
Pra sempre comigo essa noite.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Algumas palavras de amor

Amor...
Idiossincrasia, estoicismo, hedonismo: amor.
Pegue esta palavra e me sangre.
Porém, me poupe o escroto e me lamba o falo.
Quero o meu caráter á moda da foda,
Assim: forte e quente como cheiro execrável dos sedimentos orgânicos.
Amor é uma palavra estorvo, estrabismo, escalafobética e escarmentada por ela mesma.
Palavra estraçalhada nos veios de uma boca rasgada e rota... Estomatite.
Estrepitosa ao falar.
Amor é uma palavra estomagada, estridente, estrige e escabrosa.
Algumas palavras...
Aqui estão as minhas, me foda com as suas. Sem cuspe e sem areia, por favor.
Solto as palavras e prendo a respiração até ficar sem as mesmas.
Falas de amor?! Se foda. Fiquei surdo.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Troca

Um centavo por tua alma.
Algum amor por desalento.
Uma tapa em tua cara, em minhas mãos os espinhos.
Um silício por qualquer silêncio.
Vou apertar tua garganta mais um pouco... Um pouco mais.

Um centavo por uma noite.
Uma abóbora por qualquer realidade.
E uma noite por qualquer carinho.
E eu preciso de mais um pouco,
Desse escarro em minha boca... Um pouco mais.

Uma noite por um centavo.
De nossas permutas não temos trocados.
O terror agora é nossa carruagem.
E nossos gritos agudos não enxergam as lagrimas.
E eu preciso segurar o gozo pra te ver gozar... Um pouco mais.

Uma vida por uma noite.
O meu silêncio agora é o teu silício.
Minha pele é crivada de espinhos.
Realidade é o impossível glorificado.
E a carne tremula é o nosso destino.

E eu preciso gritar mais um pouco,
Pra gozar um pouco mais... Um pouco mais,
No teu corpo suado e quente.
E eu só queria penetrar mais um pouco.
Pra te ter mais um pouco... Um pouco mais.

terça-feira, 1 de março de 2011

Ereções a 12 km/hora.

Sinal fechado!
Muito quente para um pressagio.
A vida passa na velocidade da punheta.
E eu não sinto minhas mãos.
Na magia incoerente de uma ereção,
Mergulhei meu olhar nas ancas.
Há uma exuberância... O olhar corre!
A vida cá passa na pausa do silêncio.
Mas cá entre nós, prefiro o incoerente.
A vida segue como uma punheta de pau mole:
Sem prazer.
Quero o calor da vulva a atritar o pensamento.
Aquela “quenturinha”. Naufraguei o olhar.
Mais forte, mais lento, de vagar... Não, não... Eu tenho pressa.
Puta que pariu! Corra! 12 km/h e nenhuma gozada.
O que faço com o desejo?
Enfio-o no teu orifício de evacuação “cagarinária”?
Deixo-o caído pela força da gravidade?
Sinal aberto!
E eu vou derramar essa porra aqui mesmo, cá entre nós.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Hoje

Hoje, na escuridão bestial e sufocante da noite:
Não irei falar mal nem bem de ninguém.
Não irei cantar amores, não irei amaldiçoar dissabores,
Não irei dizer que te amo.
Hoje não. Repito: hoje não!
E eu que ia me matar, mas nesta noite não mais.
Hoje me esgueiro vomitando as cores da morte.
E enquanto meus olhos vislumbram o tédio,
Antevendo as crônicas obscuras da existência.
Meus pensamentos se perdem em trevas.
Meus olhos procuram algum sentimento que sirva pro agora,
Pois a dor, serve pra hoje.









































































































sou esta bala perdida que rasga o céu.
sangra, fere e mata.
e no final diz: eu te amo!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Que volte a ser só

Que volte a ser só alma
O corpo errante que tudo consome
Que ninguém come, e que ambiciona um copo a mais de luz.

Que volte a ser só alma
Só cor, só vida. Não quero a matéria orgânica:
Esse invólucro que me aprisiona a vácuo.

Que volte a ser só alma
Merda, vida, véu negro de barro a recair sobre o fadigado corpo.
Abraço o sono que me enreda, a mandíbula tremula a chacoalhar a vaticinação das desgraças da vida...

Eu ri, chorei, eu já não tenho mais nem a singeleza abstrata de uma alma.
Então volto a ser apenas um pífio eu (perdido).
Por favor, me empreste, doe ou me venda sua alma. Trinta moedas há rugirem.
Que volte a ser só.