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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ante

Só alguns acordes dissonantes.
Não ligo se a voz destoa berrante.
Meu amor me beije por mais este instante.
Dos autos falantes ecoam o finito inconstante.
Senhoras e senhores: o diabo/amor põe seus olhos grandes sobre mim.
Não me iludo com o impressionante.
Perto da beijante boca insinuante: que tudo vá para o inferno meu bem.
Já disse, o som da voz é escaldante, não cometeremos mais crimes atenuantes.
Eu menti quando disse que iríamos para o inferno meu bem.
Vamos para o inferno meu bem, (também, tão bem).
Quero o fim do beijo errante,
Quero as almas sempre consonantes.
A rima é sempre consoante.
São os teus olhos sempre agourantes: guardo-os para mim.
Alguns tons são até brilhantes,
Seus olhos em minha mente inebriantes.
Senhoras e senhores: eu tenho os olhos úmidos ante o fim.
Perdoados ante o inferno meu bem, (também, tão bem).

domingo, 15 de novembro de 2009

Queria!

Queria todas as palavras rocas da existência,
Juntaria todas com os sonhos que reciclei da latrina.
Queria as palavras caladas, o silencio que prenuncia o beijo... O infinito.
Queria não esconder o coração das imagens estampadas do que ajuízo ser amor,
Imagens descoloridas e muitas vezes arrancadas da parede.
Vertigens por essas paredes em que risquei o teu nome,
Nas pinceladas açoitei o finito, rompi o tédio, fiquei com as dores.
E agora tenho as cores pra aquartelar os sonhos torpes do mundo.
Eu tenho todas as sombras e sobras encalistradas.
E sigo revestido por minha couraça de repetições e desafortunado.
Do amor eu é que sei... Sei lá... Não sei mais.
Sei que trago este sentimento no porão, junto, nas angustias da alma.
Sei dessa demência que habita meu corpo, que me anula.
Mas deixo assim, não afiro andamento nem receio.
Jogo simplesmente o corpo no espaço, e escondo as magoas na minha imensidão.
Recolhendo as palavras perdidas, deixo umas pra iluminar teu caminho.
Sem gastar o meu desprezo com nada, pinto o céu com as lagrimas.
Eu sigo aplaudindo rebeldias, eu queria viver na ousadia,
Eu queria a dádiva de alguma magia.
Mas tenho apenas sobejos de um nada,
Restos de um poema que se apagou.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Louco

Quero as loucuras do mundo perto de mim:
Tangíveis aos olhos crus da alma nua;
O viço inebriante da boca tua;
A sujeira incorreta da rua;
O desespero drogado da tua língua crua;
A velocidade demente do beijo que corre.
Corre... Com pressa.
Quero o palpável dos sonhos.
Preciso desses olhos marejados e ardidos de suor.
É preciso dizer que te amo.
É preciso engano. São precisos o eu te amo.
São loucos os enganos.
É preciso o tanto, o quanto, o pranto, a boca minha e tua. É preciso...
Louco, bobo, solvo o preciso, o impreciso da alma finita.
E eu preciso dos teus enganos... Loucos.
Preciso... Silêncio...