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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

mais cortes

Mais uma vez eu cortei com a navalha o imo e os amores não apalavrados.
Mais uma vez cri nos arcanos nulos que hão de sepultar-me.
A dor é o primitivo sentimento de nós letíferos, crédulo ou não.
E a mim é destinado o sobejo destas embrionárias. É o castigo por ser simplório.
Sangrando como um animal no tacho, vertendo minhas lagrimas e versos,
Num maldito fadário de aspirações.
Presentemente a noite passa arrastada, para que eu rumine tua face nas trevas,
Como um desvairado de amargura aprisionado por teus medos.
Menti quando jurei a Deus não impetrar orações por ti.
Mas quem não menti?
Somente eu carrego agora a angustia do existir e do nada ser,
Do meu riso em face abortada, tão precoce que ainda o recordo.
As feridas um dia irão gangrenar, e espero que o podre seja sacrificado.
É mister que eu resista às intempéries da regia vida,
E sobreviva a infernos de isolamento, na abastança dos fúteis amores.
Busco refugio na mediocridade do avivamento, na dor gástrica da fome,
Pra ver se expurgo meu pensar a ti, Pra mais uma vez tentar mentir.
Mas agora não me importa se roerem minha alma, ou se me escarnecerem vivo.
Na cruz uivaria os amores que não vivi,
E Aos demônios entrego o fado do meu lúgubre destino.
Fecho as pálpebras, tua imagem ainda me assombra,
Subtraiu nesta hora morta a irrisória fatia ditosa,
Todas as vezes que silenciosamente segredei no teu ouvido o verbete amar,
E ansiosamente anelei as primeiras luzes só pra te ver.
Choro. Achava-me incapaz de tal feitoria, achava-me um titã.
O lacrimejo que vivi reflui meu altruísmo gasto, mas não te apaga.
A alvorada vem triste como uma endemia, soluçante e frígida,
Esquartejada por odes infrutíferas e sem proficuidade.
Não murmuro do sono roubado, mas bravo aos céus os sonhos decepados,
E o amor jamais conquistado, só materializado em sofrer, e nisso, que seja sempre o meu. Mais uma dose, mais uma osmose, mais... Pra ver se eu aprendo.
E nesta divida que a vida capricha em não amortizar, mas nem na minha lida amorosa.
Mais uma vez vou remando pra fé, quem sabe uma placidez me domine, quem sabe?
Mas agora devora-me dor, deleita-te, sem trégua sangre-me um pouco mais.

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