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terça-feira, 23 de março de 2010

A vida é doce

Perdoe-me, hoje murmurei por todos os cotidianos.
Praguejei.
Vociferei as heresias de um mundo doentio nos ouvidos surdos de entidades senis.
Pequei, culpei a Deus pela minha senda dolorosa e incrédula.
A vida é doce, me perdoe pelo choro de mulher:
Lamuria de mãe que perde o filho recém desmamado.
Dos sonhos soturnos acordo aterrado:
Nos escombros noturnos minha alma se entrega.
Vejo o futuro passando na queda.
Queda que a todos transtorna.
Não chore, a vida é doce.


Perdoe-me, a sensação de perda exagera.
É que tenho nas bochechas câimbras de um riso plástico e tenebroso,
Estampo na face dores de uma alegria incompleta:
São risos burros e paranóicos que não enxergam a velocidade terrível da queda...
Descomunal queda. E eu choro.
A vida é doce miscigenada a lagrimas.
E agora, próximo ao chão, na velocidade celeste da queda:
Vejo até a tumba a reluzir,
Vejo os demônios a rugirem monstruosos urros de agonia.
Eles me chamam, querem minhas vísceras.
Gritam: amaine verme, bem vindo ao inferno mais tranquilo.
Malditos cães, vos ofereço meu gasto riso de vida doce.


Resvalei na beirada do abismo, vi a odiosidade da vida...
Ri, a vida é doce, veneniferamente doce.
Perdoe-me.
Agora todos veem a queda.
O choro de mãe procura alento:
Malditos cães a fuçarem minha latrina em busca dos restos...
Inquietam os restos do meu imponderável nada.
Vos oferendo todo o meu nada. Todo!
Procuro a boca que se atrasou em me salvar.
E eu cai tão depressa, tão depressa, tão... Vestigioso,
Cadente como uma expressão pré-fabricada de alegria.
Esqueci-me de mim mesmo por entre os escombros: tão sem pressa pra vida.
Perdoe-me, mas a vida não é doce porra nenhuma.

29 comentários:

Anônimo disse...

esse poema é bem feroz, bruto meio herege ate. mas ficou muito bom. gosto desses poemas mais complexos e irados.

Rafael Rodrigo disse...

Herege não mais acho que chamei Deus de velho. valeu pelo comentário em.

Anônimo disse...

o titulo do poema é totalmente ironico a vida é doce e tu só fala de coisas de morte diabo e cães. gostei disso, ficou bem legal o jogo entre as ironias

Rafael Rodrigo disse...

é que recentemente um amigo cometeu suicidio, e a vida dele parecia ser tão aparentemente normal, filhos, mulher, trabalho: doce. até que chega o fim.
os cães no poema representam o diabo, segundo a biblia suicidas não vão para o céu, então os cães rosnam agora.

Rafael Rodrigo disse...

quero deixar claro que poema não tem crença ou credo, são entidades diferentes do poeta.

Anônimo disse...

ficou muito bom esse poema em, e depois dessa explicação toda ajudou a entender o contexto da obra. parabéns muito bom mesmo.

Anônimo disse...

lú. concordo esse poema é um dos melhores, voltando a ser um poeta plolixo e que aos poemas grandes. poema com inicio, meio e fim ficou perfeito. meio chocante, mas bem verdadeiro. quase chorei na parte que fala sobre a mãe.

Rafael Rodrigo disse...

é acredito que a mãe esteja sofrido muito, tentei pegar um pouco desse sentimento. se irei voltar a fazer poemas grandes isso só o tempo dirá. esse é apenas mais um poema triste.

Anônimo disse...

o que vocêq uer dizer com "câimbras de um riso plástico e tenebroso?"

Rafael Rodrigo disse...

falsidade, sorriso falso, aérobico de quem sofre e continua rindo.

Anônimo disse...

tu é o mestre do jogos de palavras. esse ficou muito bom, meio grande, mas concordo com quem disse que ele tem um começo meio e fim. muito bom.

Rafael Rodrigo disse...

sou nada, mas valeu mesmo em. apenas azougue, tava triste só.

Anônimo disse...

parte que mais gosto é "Vejo até a tumba a reluzir,
Vejo os demônios a rugirem monstruosos urros de agonia.
Eles me chamam, querem minhas vísceras.
Gritam: amaine verme, bem vindo ao inferno mais tranquilo.
Malditos cães, vos ofereço meu gasto riso de vida doce"

essa parte é bem forte, até assusta, imagino os cães chamando, muito bom esse poema.

Anônimo disse...

o que é amaine? não encontrei o significado dessa palavra

Rafael Rodrigo disse...

amaine é o mesmo que serenar, ficar tranquilo.

Anônimo disse...

tu é u mserd mesmo em. agora saquei o contexto dessa parte do poema, valeu, mais uma vez muito bom esse poema.

Anônimo disse...

ah! eu queria dizer nerd em

Anônimo disse...

serene verme então. nossa que frase forte. e o cara ainda paga com sorriso.

Rafael Rodrigo disse...

na verdade ele paga com ironia. vos ofereço meu gasto riso de vida doce.

Anônimo disse...

"Estampo na face dores de uma alegria incompleta:
São risos burros e paranóicos que não enxergam a velocidade terrível da queda..."
E eu que dizia que tava com saudade da dor dos teus poemas..Li 3 vezes.Me empresta essas frases por hoje?
Muito bom Leso.
Bjos.

Rafael Rodrigo disse...

pode pegar a frase, mas pague em hehehe. valeu! esse poema é muito pesado do mal.

Anônimo disse...

Pow mermão tu tah voltando a ser mal mesmo!!!kkkkkkkkk,tah até cobrando tributos!!!
Adoro!!
Bjus leso!!

Anônimo disse...

esse poema é muito pesado mesmo, meio aspero. dá até medo. mas é muito bom, gostei mesmo.

Rafael Rodrigo disse...

opa!! cobrando sempre né kkkk. tem que começar a ganhar algo com esse papo de escrever né!?

Anônimo disse...

bota ums riffs ai com umas palhetadas dobradas !!!!! Já posso até sentir o cheiro de enxofre!!huahuahua

Renato Azevedo disse...

bota ums riffs ai com umas palhetadas dobradas !!!!! Já posso até sentir o cheiro de enxofre!!huahuahua

Rafael Rodrigo disse...

faça a música e depois pague os direitos autorais em. direitos conexos de autor hehehe

Anônimo disse...

até pra falar de direitos autorais tu é nerd né.

Rafael Rodrigo disse...

sei até a lei em 9.610 só nao lembro o ano. nerd nada, apenas acho que devemos ter uma visão ampla (sistemica)de tudo.