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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ode ao amor II

I
Quando chegará o fenecimento do padecer?
No desmaio de cada crepúsculo,
Todo o dia rega-me a descrença.
Fermentando meu desalento de mais penar.
Um pouco desse fermento leveda todo o enegrecido peito.
A voz lúgubre a bradar-me: Serene verme!
Queima meu ouvido um mefistofélico canto de danações.
Até o vento lacrima um lamento maldito:
Assim ociosamente reclamando do amor a que me iludi.
Fundo do prato só tristeza, e um copo do azedume.
Mimoseando a conjuração do momento infausto:
Sigo calado, ouço os gemidos das vozes a balbuciar:
Verme, morra.

II
O amor é imaterializado, apagado no círio saudosista.
Amor, se acampares defronte a minha morada:
Viajarei para as contigüidades de outra mentira.
Osculando bocas que não te lembrem,
Bebendo o vinho que te envenene, quero me fartar.
E na minha natureza morta:
Anelo as sobras que precipitam da palma da mão agora vazia.
Ansiando a morte de um amor senhorio de angustias,
Morra minha querida, morra.
O nosso amor cabe nessa caixa retangular.
Filha do caldeirão, queime no meu copo,
Quero ouvir os gritos da tua alma indo pras profundezas.

III
Em que esquina se prostituiu minha alma?
Nos entalhes da tua boca, eu busquei amores mesmo que messalinos.
Refletido em ilusões de multiplicidades pútridas.
Perco-me em cada olhar oblíquo, e no voluptuoso ensaio da amnésia,
É mister pensar em você,
Para lembrar-me que fui o ser mais anódina que te amou.
E até uma macula na tua vivencia.
Não me atormente pretérito amor,
Antes a cova enegrecida sangrando-me o ser,
Que alimentar-me em sentimentos frívolos na desventura dos amores.
Morra minha querida, morra!

3 comentários:

Rafael Rodrigo disse...

fiz pra um amigo que deve ta sofrendo.

Anônimo disse...

que tanta raiva é essa em?

Rafael Rodrigo disse...

são as várias fases da raiva pós relacionamento eu acho.