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sábado, 17 de maio de 2008

Minha comiseração

Peguei meu amor, cobri com uma pá de cal.
Salguei pra espantar os insetos, numa hipertensão de desejos sombrios.
Mas isto, já não serve mais de abrigo.
Minha ira vivente marca o espaço, e com tom cinzento aquarelo as minhas dores,
Num rabisco ultimo em homenagem aos meus desamores.
Entrego a vida por uma por uma esmola de sorte,
Num devaneio irado do tempo fui presenteado com amor.
Um amor estuprado em melancolias que hoje de raiva meus olhos inflamam,
Meu ouvido engana na galhardia incessante de um labor algoz.
Nas trevas murmuram minhas forças cessantes,
Vaga alma no infinito do cosmos junto à invontade de viver.
Deixei o amor nas latrinas sangrando,
O espírito martiriza a carne.
Às vezes me pondera uma agonia suicida,
Mas não esta que mata o físico, e sim a que tortura aos poucos a lânguida existência.
Quem sou eu neste mundo miserável?
Apenas um reflexo do ódio, moldado a imagem dos demais.
Danasse aos poucos os sonhos, não deixarei nem a porta aberta ao sair.
Tapinha nas costas, felicidades!
Nas trevas pungem as forças inconscientes da alma,
Numa rígida ânsia de um coração misero e pobre em venturas,
Que reflete meu ser patético anti o nada do momento infausto do baldão da vida que conduz meus desmantelos rumo à noite enfadonho.
Ladrei pra lua meu canto de lamento,
No canto da boca minhas conspirações de improváveis felicidades.
Tão eternas como uma mentira sem explicação,
Tão intenso como a morte deve ser.
Perdi-me nas lacunas de minha amargura,
Meu pensamento se prostitui na evasão do imo, e se perde na vastidão dos versos.
Mas agora me escravizo a estes,
Definhando vida e morte no meu conglomerado orgânico,
Onde cada molécula queima na descrença.

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