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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A NOITE DA MINHA MORTE

Eu que cerro meus os olhos esta noite.
Não acho amores que mereçam o meu,
Só o passo lento rumo à campa,
Num compasso lânguido de vida e temor.
Sigo assim: Sem ansiedade o pensamento que me enegrece o pesar.
Ninguém vai ler na minha face horrenda,
Os sinais de tristeza a que me prostitui esta noite.
No fim ante a morte, ah! Minha querida amiga!
Hei de gozo cair na galhardia,
Indo rumo a uma região de paz sinistra.
Onde sombras me enredam e cobrem a vida de negro.
O amor se vai no decorrer da noite,
E ainda não sei nesse açoite diário de madrasta
Que a vida me dá em que consiste o viver?/!
Começo a lamentar os amores que me prostituíram,
E mesmo assim neles cri.
Não há sonhos de paz a regarem minha alma.
A febre rege minha insônia.
A asma regula por baixo minha respiração,
Apagando aos poucos os olhos.
Queria um beijo, em delírio anelo.
Berro até os ecos de solidão alcançarem o infinito,
Estremecendo, puxo a coberta já ardente de suor.
Meu leito refeito em ardor, nesse momento meu espírito se esvai.
Depravam os olhos, cada suspiro é fraco é último.
Suplico na alcova solitária: Não deixem meu corpo morrer abandonado.
No silêncio derramo um canto vão,
Por entre as sombras que bailam em zombaria por meus desamores.
Abro a janela deixo a lua clarear meu quarto-tumba.
Sinto a vida me deixar.
Sem suspiros de fé,
Que os céus inflamem minha ira,
Mas não emplaquem a morte.

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