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sábado, 8 de novembro de 2008

Cores de cão

Solidão, escolha as cores pra aquarela meu sofrer. Escolha!
É uma noite comum de um dia sem luz, cor, forma ou plasticidade.
E eu me esgueiro cambaleando de consternação pelos apertados esquadros que me prendem,
Esperando pelas mesclas cinza e negras que virão de posteridade.
Minha completude não esta no múltiplo.
Minha maldição é somar-me ao uno.
Junto às espessas camadas de tintas que mancham minha tela de ódio, raiva e desprezo aos demais.
E nestas maculas afogo-me, mergulho nesse desamor, nessa desventura azeda, sinto o gosto pútrido das improfícuas paixões.
Agrupo meus versos como quem agrupa cadáveres num campo de guerra.
Vou dissertando minha narrativa biográfica de dores por folhas outrora alvas,
Agora rabiscadas com as borras de óleo diesel insolúveis e quentes. Quero é que esbraseie meu viver, pago a cotação por tentar pintar de hílares tons o que sempre vai ser opaco.
Inevitavelmente falo de coisas evitáveis.
Por ainda respirar, as inspirações da alma me fazem suspirar.
Por não amar vou cheirando o rabo dos outros animais até me complementar.
E enquanto procuro amores escondidos, a solidão segue lambendo os pratos fundos ante as fuças minhas.
Eu que busco a coleira, sou forçado a revirar as latrinas em busca de alguma cor.
Então das profundezas uivo ao maldito amor.
Meus olhos de cão sem dono chisparão sempre em busca de mais enganação (solidão).
Estes versos declamo aos cães de rua.

Um comentário:

Anônimo disse...

você escreve muito bem. Mesmo sendo tão solitário. muito bom!