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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Grunhidos de um bêbado pela madrugada de desamor

Tua boca vem me enganar, não permita que o excesso destes me cegue.
Meu pensamento se esvai na tragada do teu cigarro,
Teu cheiro de madrugada vem me prostituir de saudades.
Minha boca quis te beijar, mesmo com o teu paladar travento de vinho corrupto,
Que me narcotiza hepaticamente. E eu busquei esse acerbo pelos dilúculos das minhas veleidades.
Já é tarde, a bebida é candente, teu lacrimejo me suborna, mas que o vinho ludibriador.
Por uma pestanejada do acaso perdi o tempo do negro amor.
A minha raiva agora é contra o asfalto, meus sons de ódio amplifico rumo ao infinito pra ver se te amaldiçoou, com elocuções adejadas que impregnem os céus com nossas mediocridades.
Escrevo estes longos versos pra ninguém e toda bebida que verti faz-me passar mal.
Vem me oscule lentamente a fronte, é a véspera do teu escarro.
Ascenda mais um cigarro, mais um pra encandear a tua escarnecida boca. E não guarde nenhum instante de eternidade pra mim, nenhum minuto ou fidúcia, mas te agradeço pela angustia.
Por essas horas, você só amou a minha parte que a te convêm, agora cospe mais mentiras em mim.
Já que amplifiquei a dor, então escolha o tom pra me deformar em melancolias, te dei meu incomum, de você só mais etílico pra engolir.
A náusea por querer a tua boca, agora é análoga aos vermes errantes da cova frígida.
Mesmo assim, ainda rastejas em meus sonhos.
Quero mais bebida, preciso lubrificar meu lado social, precisava dizer que te amo, precisa desse engano.
Já que fumas: pegues teu isqueiro, e queimes estes versos que não merecem nem o nome de fezes.
Agora finalmente bêbado, vou enfiar o dedo goela abaixo até a divisa de alma e espírito.
Até vomitar cada lembrança.
Foram meus sonhos ceifados na baforada dos desenganos.
Mais uma dose, por favor, e junto traga um punhado de alegria.
Ou um remédio pra enganar a dor.

3 comentários:

Anônimo disse...

belo poema, meio exagerado, pra quem foi em? Gostei! bem sincero e real.

Anônimo disse...

O exagero foi perfeito...

Rafael Rodrigo disse...

é mesmo, sou exagerado ao extremo as vezes ou quase sempre privilegio de metido a poeta né. e quem não exagera uma dor em.