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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Confusão

Deveria existir algum equilíbrio,
Uma linha mesmo que tênue entre amor e o que se vai num piscar dos nossos olhares.
Uma pestanejada do destino talvez.
Deveria ter um verso, um poema que murmurasse mesmo no silêncio, mesmo sem contentamento, e não atentasse para os sentimentos.
A tinta disserta no papel as lastimas minhas, confabula as frustrações de maneira baixinha aos ouvidos invisíveis, que é pra ninguém reclamar que choro muito.
Eu sempre desejo as bocas infelizes, o lábio maldito e amargo do verso rimado, do amor imaterializado.
Maldito e amargo! Sim, é o verso meu, o gosto teu.
Este sabor que passaria se eu descontinuasse de atravessar a língua na ferida.
Bocas, nossas bocas. A palavra corre quente, líquida, corrói a folha. Corroi a vida.
É lágrima, esta água salgada é a única coisa que minha boca há de bebido, nutri os demais tecidos, espalha-se pelos vasos, tornando a jorrar em palavras. Palavras queimam a face como o beijo de Judas. A minha maldição é o verso, este verso confuso que rompe a linha, que desperta o destino.
Meu verso que um amor. Amor?
O amor é uma projetação. É uma convulsão de individualidade dissociada. Uma conjuntura psicogênica de escapula. O amor é minha loucura, é meu câncer, se eu tivesse um tumor, esse seria o seu nome patológico: amor.
Inevitavelmente está por toda parte, o cancro que não tenho está por toda a parte.
Eu não o vejo. Ele teima em saber de mim.
Quer saber quem eu sou?
Eu sou o nada que se traduz em amor, sou este poema amassado e lançado fora sou esta confusão sem jeito, a incapacidade dos desejos, o medo de nunca amar.
Sou o que turva os olhos antes do fim, antes do beijo, antes da letra negar o teu nome e o vento levar minhas palavras ao infinito e desconhecido.
Sou o poema de amor que ainda não existe, e Juntos somos esta confusão.
O equilíbrio.

2 comentários:

Anônimo disse...

você como sempre inspirado, tão romantico esse, gostei.

Anônimo disse...

POHA ELE E O CARA UM POETA ARRETADODE BOM