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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Poema brega

Taquicardia atrial, o coração punge forte, tonal, corre depressa. Com pressa,
Mas quase sem vida, comprimindo os desejos.
Corre desgraçado, corre... Fuja do condicional.
Fuja das palavras vastas, infinitas. Das palavras que lembram o silencio. Corra do fugaz.
Do gosto de manha azeda que entra pelas frestas dos olhos.
Vá para perto do trovão, o som não assusta na tormenta, corra... Fé... Finja ter em que crer.
Corra pra longe dos amores, de todos os amores brutos, de todas as vertigens, do breu, abandone o jamais.
Coronária, infarto, morte. Veja amor a minha cara lavada de todos os pecados.
Pálido, falta o teu ar, o teu cheiro no meu pulmão, falta o incondicional.
Não vai assim, não sem mim, não aparte teu lábio antes do sim, enxergue antes do fim.
Fuja e mire todas as palavras, todas e mais uma que o infarto abafou: só pra rimar chamo-a de amor.
É um fim tradicional de um coração, de um grito que a boca murmurou.
Coração infeliz nunca achou quem o ambicionou.
Agora quero o infindo, a flor, a demência dos passos, a solidão azougue dos versos.
Meu poético vai infectar o mundo ou te tragar junto a minha derme manchada de cinza escura.
Antes do abismo contemplo a incompletude minimalista dos meus anseios que se explana em tua boca.
Estas palavras mentem se equivocam. Mas eu quase posso acreditar,
Paro de fugir de seguir estrelas, não encontro mais palavras pra implorar, pra rezar ou amaldiçoar, meu vicio é ficar a tua servidão, pele ou outra mentira que me sirva de encanto.
Desafinado, o amor segui sem ritmo certo, e todas as harmonias que faço você não escuta.
Não escuta a alvorada do nosso tempo, ouça as palavras que mentem de amor, ouça o vento.
Estas palavras mal feitas e depressa são só pra tentar te seduzir,
Engolir tua saliva que há de me redimir antes do sol fenecer.
Corra coração, vamos pra longe do poema brega, das palavras imperfeitas, das letras que bebem, pois o verso guina rente por ladrilhos, por métricas absurdas que me isolam.
Mentira subterfúgio das paixões, abrigo do coração. Então fuja.

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