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sábado, 2 de junho de 2012

Tempo

Queria que o tempo queimasse. Passasse sereno e esfumaçado como a fumaça tóxica do cigarro. Só queria penetrar pela última vez na tua vulva quente, e dar minha risada grotesca.

Queria o tempo sujo. Mal higienizado. Na falta de profilaxia das pernas de uma meretriz barata eu me perderia. Ou me acharia desde que parasse de solver o barro orgânico e célere do tempo.

Beije-me com os olhos abertos. Mente na minha cara, mas um pouco. Posso ver as unhas sujas a me enredarem. Lábios negros, cruéis, tentadores: beijai meu símbolo fálico tombado a esquerda. Deixei o tempo para me tornar imortal. Mas ainda não soprem minhas cinzas ao vento.

É preciso mais um quartinho embriagante de versos, amor, ódio ou qualquer merda dessas aos soluços rotos. Agora tempo: queima-i. Mimoseando as lagrimas. Não! Não são sentimentos isto que vês.

É apenas a neblina do cigarro a esfumaçar a vista, é o tempo que passa e nem vemos. Expressaria algo se houvesse tempo. Metaforicamente, tempo e vida se unem para nos comerem. E apenas fico assim: vestido de nu. Percebo que não trago comigo nem meus próprios sentimentos.

As rugas na face não me deixam caído. Meu escroto só clama uma lambida ultima que seja. E seus três olhos em brasas, não vêem que o tempo foi passando, como um disparo de uma arma calibre 45.

O tempo passou tanto que não deu nem tempo de dizer adeus. Gozei, limpei, lavei, botei, tirei, escapuli, gritei, gemi, lubrifiquei, fudi, morri... Morri. Mas no ultimo segundo, oh! Tempo, beijai-me e dizei-me no ouvido, mordendo a orelha e lambendo os lábios. Antes de devorar-me. Dizei-me:

A vida é uma bela, talvez cabeluda. Então, enfim, esfregai essa rapariga na minha cara. Foi bom pra você? Agora tempo: lambei toda essa porra como a boa vaca que és. O tempo queimou. Ficai com as cinzas.   
  




4 comentários:

Anônimo disse...

nem acreditei quando vi na minha caixa de Email que vc tinha postado um novo poema. não poderia deixar de ser mais um pornográfico

Rafael Rodrigo disse...

já que eu não durmo, então respondo rápido. que pornografia? pornográfico eu? sou um anjo pornográfico kkk.

Anônimo disse...

tem muita putaria. mas é tão triste

Rafael Rodrigo disse...

realmente estava com alguns sentimentos tristes na concepção desse poema. pensava muito na morte de um amigo. a ideia é a de que ninguém escapa dessa vida vigem, mais cedo, ou mais tarde a vida fode você.