Talvez seja chegada a
hora de caiar as velhas paredes.
Descoloridas e
escarnecidas por teus lábios carmim.
Rabiscarei com as
vividas cores da aquarela celeste um tempo meu.
Um tempo sem
intercalações, um tempo sincopado, um tempo com meu tempo.
Um tempo com mais
contento, um tempo sem os contratempos.
Onde tuas unhas não
possam ferir minha carne nem machucar meu cerne.
Percorrerei minhas
paredes, esquadrinhando, gritando cores, rabiscando a alma.
Talvez mude apenas
detalhes, formas e jeito das minhas paredes.
Mude as estampas do
nosso amor em preto e branco.
Junte o que sobrou, e
decida não pendurar mais nada nas minhas paredes, e não revele mais nada, ouça
tuas palavras como nada.
Pois às vezes o tempo
leva a magia, e eu já não sinta mais nada.
Descubra mil maneiras
de dizer o teu nome: por amor, por tédio ou como se não fosse nada.
Talvez seja a hora de
deixar o novo bater, livrar das rugas e cuidar do jardim.
Abrir as janelas, não
gritar o teu nome e me reconstruir.
Talvez seja o tempo
de andar nas horas, nas cinzas das horas, de dançar novas auroras.
Riscar teu nome da
minha carne, sem grafitar mais o infinito.
E assim: redesenhar
meu tempo.
3 comentários:
mais um poema um pouco introspectivo
mais um lindo poema rafa. talvez seja hora mesmo. mudança no blog d novo?
Que lindoooo! Gostei.
Tatiane Paz
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