capa

capa

domingo, 6 de julho de 2014

Talvez


Talvez seja chegada a hora de caiar as velhas paredes.
Descoloridas e escarnecidas por teus lábios carmim.
Rabiscarei com as vividas cores da aquarela celeste um tempo meu.
Um tempo sem intercalações, um tempo sincopado, um tempo com meu tempo.
Um tempo com mais contento, um tempo sem os contratempos.
Onde tuas unhas não possam ferir minha carne nem machucar meu cerne.
Percorrerei minhas paredes, esquadrinhando, gritando cores, rabiscando a alma.
Talvez mude apenas detalhes, formas e jeito das minhas paredes.
Mude as estampas do nosso amor em preto e branco.
Junte o que sobrou, e decida não pendurar mais nada nas minhas paredes, e não revele mais nada, ouça tuas palavras como nada.
Pois às vezes o tempo leva a magia, e eu já não sinta mais nada.
Descubra mil maneiras de dizer o teu nome: por amor, por tédio ou como se não fosse nada.
Talvez seja a hora de deixar o novo bater, livrar das rugas e cuidar do jardim.
Abrir as janelas, não gritar o teu nome e me reconstruir.
Talvez seja o tempo de andar nas horas, nas cinzas das horas, de dançar novas auroras.
Riscar teu nome da minha carne, sem grafitar mais o infinito.
E assim: redesenhar meu tempo.

3 comentários:

Rafael Rodrigo disse...

mais um poema um pouco introspectivo

Anônimo disse...

mais um lindo poema rafa. talvez seja hora mesmo. mudança no blog d novo?

Anônimo disse...

Que lindoooo! Gostei.

Tatiane Paz